2006-10-21

Alegrias e tristezas do último verão



Verão 2006, praia de Cabanas (Tavira, Portugal), 50 metros afastados da praia de área concessionada, tarde de calor e descanso. A minha filha depois de experimentar todas as brincadeiras e corridas de praia pede-me uma coisa diferente. Olho em redor e vejo algum lixo na areia, tipo garrafas de plástico, latas, pedaços de corda das embarcações de pesca, etc. "Tenho uma ideia, filha! Bora fazer uma casa com os restos de lixo da praia!". "Fixe, pai!" corre ela satisfeita para a primeira lata que vê.

A construção começou a aumentar quando o filho de um casal alemão se junta a nós contribuindo assim para uma intervenção com alguma visibilidade. Conforme o final de tarde foi aparecendo e a área de pesquisa de materiais de construção foi aumentando. Em breve tinhamos feito uma "limpeza" que deu origem a uma concentração de objectos mais dispares.



Quase noite, após alguns curiosos que passaram terem tirado umas fotos e as crianças terem ficado com uma tarde memorávelmente criativa, apanhámos o barco de novo para o apartamento.

No dia seguinte, ao chegarmos à mesma praia, cruzámo-nos com o "salva-vidas-mor", responsável pela praia concessionada ao lado que nos diz:
– "Ó amigo... na faça mais aquilo!!"
– "Aquilo o quê?", pergunto eu?
– "O ajuntamento do lixo todo!", responde ele.
– "Mas eu só reuni pedaços de objectos que já existiam na areia da praia, que está com a sujidade que se vê!", indignado respondo!
– "Mas na faça isso... Tá a juntar o lixo todo e fica feio! Eu já deitei tudo abaixo...", diz ele.
– "Então você prefere que o lixo esteja todo espalhado em vez de estar ali em forma de uma intervenção artística, já que você não consegue manter a praia limpa, certo?"
– "Eu na tenho nada que apanhar o lixo da praia que na me diz respeito, pois só cuido desta!!!"
– "Mas deitar abaixo uma construção/brincadeira para as crianças duma praia que não é a sua, você foi capaz... dá vontade de chegar ali e construir tudo outra vez...", retorqui já um pouco arreliado.
– "Na faça isso ome, porque eu chamo a polícia marítima!"
– "Então chame para eles verem a sujidade que a poucos metros da vossa praia existe sem que voçês façam algo senão esconder debaixo do tapete a porcaria"
– "Faça queixa à junta se quiser", disse ele...

Não me quis aborrecer mais pela prepotência e falta de caracter que um personagem destes tem só porque "uma construção chamou mais a atenção que o lixo espalhado"...

E lá estava tudo deitado abaixo quando chegámos ao local...
– "Papá, foi o mar que destruiu a nossa casinha?"
– "Não filha, foi um homem!


1 Comments:

At 24.10.06, Blogger indigente andrajoso said...

que palhaçada.... infelizmente não é só em tavira...

 

Post a Comment

<< Home